De Hoje para Amanhã (Von Heute auf Morgen), de Arnold Schönberg, é uma ópera muito singular. Inédita no Brasil e pouco apresentada no mundo desde a sua estreia, em 1930, é considerada a primeira ópera dodecafônica do teatro musical. É curta (cerca de uma hora), com apenas quatro cantores, de estilo cômico e enredo insólito.
O libreto da ópera, assinado por Max Blonda (pseudônimo de Gertrud Kölisch, segunda esposa de Schönberg), parte de uma temática trivial: a relação de um casal em “tempos modernos”, numa narrativa em que as coisas mudam “de um dia para o outro”. Na trama, O Marido e A Esposa, voltando de uma festa, comentam sobre duas pessoas que lá encontraram, O Cantor e A Amiga, uma ex-colega de classe da mulher do casal. De modo provocativo, insinuam que flertes cruzados aconteceram durante a noite. O jogo de provocações, ciúmes e arrependimentos chega ao ápice quando A Amiga e O Cantor aparecem na casa do Marido e da Esposa propondo uma diversão a quatro.
Mas a ópera subverte continuamente os paradigmas. Os modismos comportamentais, os padrões e mudanças de costumes, as relações conjugais (e extraconjugais), tabus sexuais e totens morais servem de pretexto para abordar a quebra e o questionamento de tradições também no campo artístico-musical. De forma irônica e bem-humorada, o casal Schönberg não só inovou ao tratar de questões tabus da sociedade em que vivia, mas também ao usar-se de uma linguagem clássica e tradicional – a ópera lírica – como base para suas experimentações atonais.
Esta produção, com regência do maestro Marcos Arakaki e encenação de Alvise Camozzi, busca evidenciar os contrastes propostos por Schönberg: entre a visão do que aparece e a percepção do que está por trás. A cenografia de William Zarella Jr, a luz de André Boll e a atuação dos solistas Laiana Oliveira, Isaque Oliveira, Manuela Freua e Jabez Lima são propositalmente expostas. Enquanto isso, os vídeos de Zarella Neto mostram o que presencialmente não pode ser visto. Antes da representação, o público é recebido por um DJ set de música eletrônica conduzido pela dupla Fractal Mood, que acolhe os espectadores e os introduz no espírito do espetáculo.
SERVIÇO
Theatro Municipal de São Paulo (cúpula)
Praça Ramos de Azevedo, s/nº, São Paulo
Dias 21, 22, 23, 27, 28 e 29 de setembro de 2023
quarta, quintas, sextas e sábado, a partir das 20h (horário de início do DJ set; a ópera começa às 21h, e o público pode chegar entre 20h e 21h)
R$ 25 (meia-entrada) a R$ 50 (inteira)
Duração: 80 minutos
Indicação etária: 16 anos
Capacidade: 100 pessoas
FICHA TÉCNICA
Compositor | Arnold Schönberg
Libreto | Max Blonda (Pseudônimo de Gertrud Kölisch Schönberg)
ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE REPERTÓRIO
Direção musical e regência | Marcos Arakaki
Direção cênica | Alvise Camozzi
Regente titular Orquestra Experimental de Repertório | Guilherme Rocha
Tradução Libreto | Christine Röhrig
Cenografia | William Zarella Jr.
Iluminação | André Boll
DJ Set |Fractal Mood (Henrique Marciano e Guilherme Picorelli)
Figurinos e Visagismo | Carolina Semiatzh
Direção de vídeos | Zarella Neto
Assistente de direção |Gabriel Jenó
SOLISTAS
Die Frau – A Esposa |Laiana Oliveira
Der Mann – O Marido |Isaque Oliveira
Die Freundin – A Amiga |Manuela Freua
Der Sänger – O Cantor | Jabez Lima
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Das Kind – A Criança | Nilo Bruschini Kott Zarella
Performer | Rubens Velloso
Realização da adaptação musical | Raphael Puccini
Coordenação técnica audiovisual e operação de vídeo | Rodrigo Gava
Edição de imagem | Zarella Neto e Fábio Meira
Assistente de fotografia | José Lobarinhas
Maquiagem | Maria Aparecida Piantino Feres
Construção de cenário | Elástica Espacial
Projeto luminotécnico | Santa Luz
Administração | Dani Correia e Paula Malfatti
Produção de conteúdo | Malu Barsanelli
Produção técnica | Grazi Vieira e Carolina Buček
Produção executiva | Luiza Alves
Direção de produção | Marisa Riccitelli Sant’ana e Rachel Brumana
Concepção | Associação SÙ de Cultura e Educação
AGRADECIMENTOS
Diego Casas, Fábio Meira, José Guilherme Lobarinhas Jr., Maria Alice Casas, Nina Brumana Camozzi, Pablo Casas, Patricia Bruschini