A Semana da Cena Italiana Contemporânea em São Paulo – SCENA – apresenta produções recentes e relevantes no campo das artes cênicas contemporâneas italianas para proporcionar o diálogo, o intercâmbio e a colaboração entre artistas do Brasil e da Itália, sobre temas que unem e atravessam interesses, reflexões e possíveis desdobramentos.
A primeira edição da mostra aconteceu na primavera de 2019, com um recorte que se aprofundava na temática dos afetos, da amizade e da resiliência e propunha transversalidades entre teatro, literatura, dança e circo.
O foco desta segunda edição da SCENA está na produção artística feminina, reunindo artistas dramaturgas, diretoras, pensadoras e realizadoras que transitam entre a cena performativa, as artes visuais, a formação artística e acadêmica e o ativismo político e artístico, a partir da Itália e em diálogo com a cena artística brasileira.
Sem ater-se a classificações limitadas a gênero, o programa busca se desdobrar em formatos e temáticas, compreendendo ideias diversas de corpos, pertencimentos, transições e deslocamentos.
Sororidade, em italiano “sorellanza”, é um conceito que atravessa a proposta curatorial e suas diversas formas de colaboração. Nesta edição, neste outono paulistano que se abre aos poucos para o retorno também da presença internacional, além da apresentação – pela primeira vez no Brasil – dos trabalhos de Chiara Bersani, Giorgina Pi & Bluemotion e Muna Mussie, programamos encontros entre artistas italianas e brasileiras. No intuito de que a florada, ao longo do tempo e apesar das esperas forçadas pelos contratempos, frutifique, resultando em contínuas colaborações futuras.
REALIZAÇÃO: 10 a 15 de maio de 2022 no Sesc Pompeia
Curva Cega
Criação e performance Muna Mussie
Em CURVA CEGA, Muna Mussie trabalha com Filmon Yemane, um menino eritreu que vive atualmente em Bolonha, e é cego desde os 12 anos. A performance trata da descoberta da língua materna da artista através de um diálogo feito de palavras, sinais e mudanças de sentido. Guiados pela voz de Filmon, ouvimos aulas de língua tigrínia, apoiadas por imagens de um antigo livro de ortografia.
O corpo da artista se sobrepõe às linhas sinuosas do alfabeto, sugerindo uma mimese dinâmica. CURVA CEGA é uma ferramenta metaeducativa, que cria uma paisagem íntima através de um formato didático. A narração biográfica inspira reflexões filosóficas e sacia a sede da presença: um corpo cumpridor da lei tenta corresponder a uma imagem constantemente evasiva.
FICHA TÉCNICA
Criação e atuação: Muna Mussie
Texto em áudio: Filmon Yemane
Edição de vídeo: Lino Greco
Operação de som e luz: Elisa Bortolussi
Tradução: Rachel Brumana
Produção: Short Theatre, Zonak, Santarcangelo
Festival 2021, SpazioKor e Teatro di Roma
Apoio: Xing
O Animal
Criação e performance Chiara Bersani
Chiara Bersani propõe uma performance a partir d’A morte do cisne, solo coreografado por Mikhail Fokine para a bailarina Anna Pavlova no início do século 20, considerado fundamental para a história da dança ocidental. O que acontece quando, ao olhar para a noite profunda, podemos nos reconhecer a nós mesmos por meio do canto? A performer investiga a alma como um espaço de movimento e transformação. Um aviário cheio de pássaros no qual a matéria, o movimento, as cores e o ar se transmutam.
FICHA TÉCNICA
Criação e performance: Chiara Bersani
Iluminação e cenário: Valeria Foti, com a colaboração de
Richard Gargiulo e Sergio Seghettini
Dramaturgia vocal: Francesca Della Monica
Apoio à dramaturgia: Giulia Traversi
Fotos: Rebecca Lena
Apoio à criação: Marco D’Agostin / Elena Giannotti
Apoio ao processo: Federica Della Pozza
Promoção e curadoria: Giulia Traversi
Logística e organização: Eleonora Cavallo
Administração: Chiara Fava
Produção: corpoceleste c.c.0.0 #
Coprodução: Swans never die, um projeto de Lavanderia a Vapore – Centro di Residenza per la Danza (Piemonte dal Vivo – Circuito Multidisciplinare dello Spettacolo,
Coorpi, Didee Arti e Comunicazioni, Mosaico Danza, Zerogrammi); Operaestate Festival Veneto e Centro para a Cena Contemporânea CSC Bassano del Grappa;
Trienal Milano Teatro; Fundação Teatro Grande de
Brescia; Festival Bolzano Danza – Fondazione Haydn;
Festival Gender Bender; “Memória em Movimento.
Re-Membering Dance History (Mnemedance)” – Università Ca’ Foscari Venezia; e DAMS – Università degli Studi di Torino, com o apoio da Fabbrica Europa (Firenze, ITA)
Gentil Unicórnio
Criação e performance Chiara Bersani
Chiara Bersani explora a figura fantástica do unicórnio a partir de sua própria fisicalidade. Em sua estreia como intérprete e criadora solo, a artista apresenta uma coreografia de movimentos simples: o unicórnio se move através do espaço enquanto realiza pequenos gestos amplificados pela expressão da performer. A imagem mitológica do unicórnio, animal imaginário que hoje faz parte da iconografia pop, se revela terrivelmente humana, tendo sofrido mutações ao longo dos séculos.
FICHA TÉCNICA
Criação e performance: Chiara Bersani
Design de som: F. De Isabella
Design de luz: Valeria Foti
Diretor técnico: Paolo Tizianel
Consultoria dramatúrgica: Luca Poncetta, Gaia Clotilde
Chernetih
Treinadora de movimento: Marta Ciappina
Olhar externo: Marco D’Agostin
Músicos locais: Jo Coutinho, Kelly Layher, Marcella
Vicentini, Pero Manzé, Ulisses Duo
Produção: Eleonora Cavallo
Assessoria administrativa: Chiara Fava
Turnê e comunicação: Giulia Traversi
Foto: Roberta Segata
Produção: Associazione Culturale Corpoceleste_C.C.00
# Co-produção: Festival Santarcangelo e CSC – Centro por la Scena Contemporânea (Bassano del Grappa)
Apoio: Centrale FIES (Dro), Graner (Barcelona),
Carrozzerie |N.o.T. (Roma), CapoTrave / Kilowatt
(Sansepolcro).
Residências artísticas ResiDance XL – luoghi e progetti di
residenza per creazioni coreografiche azione della Rete
Anticorpi XL – Rede Giovane Danza D’autore
coordinata da L’arboreto – Teatro Dimora di Mondaino
(Barcellona), Carrozzerie | N.o.T. (Roma), Con il Sostegno
di Kilowatt Festival e Bando Siae Sillumina 2018.
Tirésias
A partir da obra de Kae Tempest
direção Giorgina Pi
performer Gabriele Portoghese
TIRÉSIAS, o vidente que sabe o que deve ser feito, carrega muitas vidas em uma. Experimenta uma metamorfose contínua, desafiando a ordem, ultrapassando regras sexuais e a hierarquia do tempo. Entre o humano e o divino, TIRÉSIAS está fora da retórica do poder e vive no meio das pequenas coisas cotidianas. Criado a partir de Hold your own, da artiste não binárie Kae Tempest, que mistura rap, poesia, política e música, o espetáculo possui três prêmios UBU no currículo: de novo texto estrangeiro ou dramaturgia, projeto de som e ator.
FICHA TÉCNICA
Um projeto de BLUEMOTION
A partir de Hold your own, de Kae Tempest
Direção: Giorgina Pi
Performance: Gabriele Portoghese
Paisagem sonora: Collettivo Angelo Mai
Brilhos: Maria Vittoria Tessitore
Ecos: Vasilis Dramountanis
Figurino: Sandra Cardini
Luz: Andrea Gallo
Tradução para o italiano: Riccardo Duranti
Tradução para o português: Fernando Gonçalves
Comunicação: Benedetta Boggio
Produção: Angelo Mai/Bluemotion
Agradecimentos: Massimo Fusillo, Prefeitura de
Ventotene, Cecilia Raparelli e Terrazza Paradiso